Chalés, coberturas, casas de hóspedes, edículas… são muitas as construções com a cobertura em exposição direta, nessa matéria para ACweb você conhecerá tudo o que é importante sobre esse procedimento.

Conheça as soluções para isolamento térmico das coberturas

Os materiais mais eficientes para o isolamento térmico de coberturas de edifícios novos ou existentes, casas e sobrados vão desde o EPS até as lãs de vidro e de rocha. Saiba mais!

Texto: Redação AECweb/Construmarket

Foto de www.isopur.com.br

As soluções de isolamento térmico das coberturas aplicáveis aos projetos de edifícios novos são muito semelhantes àquelas que podem ser implementadas nos edifícios preexistentes. “Isso acontece porque materiais de isolamento térmico costumam ser leves e, assim, não causam sobrecarga na estrutura. Além disso, é plenamente possível atingir bons níveis de isolamento térmico com materiais de pouca espessura e que requerem, portanto, pouco espaço de instalação”, afirma o arquiteto Marcelo Nudel, diretor da Ca2, empresa de projetos e consultoria em sustentabilidade, conforto ambiental, acústica e luminotécnica.

Materiais de isolamento térmico costumam ser leves e, assim, não causam sobrecarga na estrutura

Marcelo Nudel

Ele lembra, no entanto, que em edifícios existentes pode haver eventuais empecilhos técnicos para alguns tipos de sistema.

Edifícios verticais

De toda a carga térmica que um edifício vertical troca com o meio externo através de sua envoltória, a porcentagem que cabe à cobertura costuma ser muito pequena em relação à parcela que cabe às vedações externas. E quanto mais alto o edifício, mais essa proporção se intensifica em desfavor da cobertura.

“Assim, em edifícios desta natureza, adotar materiais com melhor isolamento térmico nas paredes externas beneficiaria um número muito maior de ocupantes, do que apenas na cobertura”, orienta Marcelo Nudel.

É fundamental, no entanto, isolar termicamente a cobertura do último pavimento, por sua permanente exposição a trocas de calor com o meio externo. Dessa forma, é possível obter o controle de cargas térmicas entre o meio externo e o interno.

“Em edifícios verticais, portanto, mesmo o isolamento térmico na cobertura tendo impacto apenas no último pavimento, ele pode ser muito importante para o conforto térmico no interior desses espaços”, destaca.

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Incorporador e a construtora devem observar a necessidade de isolamento térmico na cobertura desses edifícios, de acordo com o clima local e o uso do edifício, e sempre avaliando caso a caso. Muitas vezes, edifícios residenciais necessitarão de isolamento térmico na cobertura para cumprir com os requisitos da Norma de Desempenho NBR 15.575. Já aqueles que buscam certificação ambiental, como EDGE, LEED e GBC, podem se beneficiar do efeito térmico de um material isolante na cobertura.

MATERIAIS E SISTEMAS

Conheça as propriedades técnicas dos materiais e sistemas resistivos (que resistem à passagem do calor) mais aplicados no isolamento de coberturas de edifícios verticais novos e preexistentes:

  • EPS (poliestireno expandido): comumente conhecido como isopor, é um polímero termoplástico composto de pequenas bolhas de ar. São essas bolhas de ar encapsulado que causam o efeito de isolamento térmico. É um material leve, resistente e fácil de manusear.
    Consegue elevados índices de isolamento com pouca espessura, geralmente de 2,5 cm a 5 cm. Pode ser instalado na parte superior de lajes expostas, com uma manta de proteção mecânica de cimento ou concreto, ou no entreforro sob um telhado.
    A vida útil do EPS sob proteção mecânica em edifícios pode variar de 50 a 100 anos. Isso ocorre porque o concreto fornece uma barreira eficaz contra a umidade, produtos químicos, raios UV e outros agentes danificadores.
    Quando o EPS é empregado no entreforro sob telhado em um edifício, sua vida útil pode variar de 20 a 50 anos, pois essa é uma área sujeita a umidade, calor e outros agentes danificadores. Quando está úmido, ele perde sua capacidade de isolamento térmico.
  • XPS (poliestireno extrudado): é uma espuma rígida de poliestireno com estrutura celular fechada. Trata-se de material leve, resistente e durável, com excelentes propriedades de isolamento térmico e acústico. São também as bolhas de ar encapsulado que causam o efeito de isolamento térmico. As demais características são idênticas às do EPS.
  • Lã de vidro e lã de rocha: são materiais isolantes térmicos e acústicos feitos a partir de fibras de vidro ou rocha, respectivamente. As fibras são aglomeradas por meio de resinas sintéticas e aditivos que proporcionam a possibilidade de diversas espessuras. “Em coberturas, são comumente instaladas no entreforro sob um telhado e não podem estar sob proteção mecânica de concreto, pois são porosas e muito flexíveis”, ensina.
    A lã de vidro e a lã de rocha são materiais duráveis e confiáveis, que podem fornecer isolamento térmico eficaz por muitos anos. “No entanto, sua vida útil será drasticamente reduzida se forem expostas à umidade”, adverte, explicando que a água também pode causar uma redução significativa na eficiência do isolamento térmico de lã de vidro ou lã de rocha.
    “Isso ocorre porque a água é um bom condutor de calor, podendo transferir calor mais facilmente do que o ar. Quando a água entra em contato com a lã de vidro ou lã de rocha, ela se espalha entre as fibras, criando um caminho mais fácil para que o calor flua. Em alguns casos, a condutividade térmica pode aumentar até 10 vezes. Por isso, é fundamental que se garanta uma boa estanqueidade do telhado no momento da execução e que seja realizada manutenção periódica”, ensina Nudel.

É fundamental que se garanta uma boa estanqueidade do telhado no momento da execução e que seja realizada manutenção periódica

Marcelo Nudel

Ele informa que existem alguns tipos de lã de vidro ou lã de rocha tratadas com resinas ou outros produtos que repelem a água. Esses produtos podem ajudar a reduzir o risco de danos causados pela umidade.

Casas térreas e sobrados

Em casa térrea, praticamente 100% da área construída está sob o efeito de trocas térmicas com o meio externo através da cobertura e, num sobrado, 50%. “Nestes casos, o isolamento térmico da cobertura torna-se muito importante e impactante no controle total de cargas térmicas com o meio”, fala. Os materiais utilizados são os mesmos dos edifícios verticais, ou seja, o EPS, o XPS e as lãs minerais.

Telhados de casas térreas e sobrados se beneficiam, também, das telhas sanduíche. Elas são compostas por duas chapas metálicas, geralmente de aço galvanizado, com um material isolante no meio, sendo os mais comuns o EPS, o poliuretano e as lãs minerais, entre outros materiais.

“Outra opção é o chamado isolante reflexivo, tipo de isolamento térmico que consiste em uma camada de material reflexivo (metalizado), geralmente de alumínio, que impede a transferência de radiação infravermelha (na forma de calor) entre o meio externo e interno. Em muitos casos ela é aplicada em conjunto com os materiais de isolamento resistivo”, diz.

As mantas de isolamento reflexivo são aplicadas em coberturas com telhados, colocadas entre o telhado e o forro, ou entre o telhado e a laje. Quando a superfície metalizada é voltada para cima, o efeito é o de reduzir ganhos térmicos pela cobertura, ideal para o clima brasileiro.

Galpões logísticos e indústrias

Por serem construções que, tipicamente, recebem telhas em sua cobertura, o sistema mais recomendado é o de telhas sanduíches. Em geral com núcleo de poliuretano, proporcionam excelentes condições de isolamento térmico e podem ser encontradas em diversas espessuras.

A vida útil das telhas sanduíches de poliuretano varia de acordo com a qualidade do material e as condições de exposição. “O material de boa qualidade pode durar de 20 a 30 anos”, finaliza Nudel.

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COLABORAÇÃO TÉCNICA

Marcelo Nudel – É arquiteto com mestrado em Arquitetura Sustentável pela Universidade de Sydney, na Austrália. Especialista em sustentabilidade e conforto ambiental com mais de 15 anos de experiência na área. Atuou por oito anos como consultor em sustentabilidade e conforto ambiental na empresa global de engenharia Arup, na Austrália e Brasil. E, também, em projetos de greenbuildings em diversos países. É sócio fundador e diretor da Ca2, empresa de projetos e consultoria em sustentabilidade, conforto ambiental, acústica e luminotécnica, com sede em São Paulo.


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